quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Lar doce lar...

Depois de um hiato de alguns dias, finalmente as postagens vão voltar. O dia 9 de fevereiro marcou meu primeiro mês aqui na França. Então, nessa postagem vou falar um pouco mais sobre como é viver aqui na França de uma maneira mais geral, sem abordar especificamente algum aspecto.

Esse post é, de certa forma, comemorativo. Hoje, dia 20 de fevereiro, é o dia em que finalmente posso dizer que estou "em casa". Pois é... Mais de um mês se passou e só agora encontrei um lugar para morar. Mas não ache estranho, aqui em Paris, encontrar um lugar para morar é bem difícil, e quanto mais bem localizado mais o aluguel começa a ficar absurdamente caro. E quando digo absurdamente eu não estou de brincadeira. O preço de um studio (um quarto com cozinha e banheiro) de 20m² em uma região central de paris pode passar fácil, fácil de 900 euros. Imagino alguém lendo isso e pensando "PQP 900 EUROS" "nossa, 900 euros, mas não é muito caro?". E a resposta, sim, é muito caro, e isso é normal por aqui.
Para contornar isso, um estudante pode buscar uma vaga na cidade universitária de Paris (Cité U), procurar uma república (collocation), procurar residencias universitárias privadas (foi o meu caso, atualmente moro numa residencia chamada "Les Estudines"), ou tentar alugar por conta própria um apartamento. De todos essas opções a menos burocrática é a Cité U, mas a chance de não haver vagas é sempre enorme, então não conte apenas com ela pois a chance de passar perrengue como eu passei é quase 100%! Também é possível morar nas cidades próximas, o aluguel é mais barato, contudo seu tempo no metrô aumentará significativamente.

Lar doce lar!! \o/



Saindo da parte chata, vamos falar de coisa boa. Como sabem, faço um doutorado aqui na França. Apesar do ritmo frenético que as coisas andam em um doutorado, e  penso que independe do país, existem momentos de descontração bem legais por aqui. Claro que não se compara com a zueira sem limites no DF-UFMG, mas posso dizer que o pessoal é bem legal. O grupo em que trabalho é basicamente composto por italianos, e sério, o pessoal é muito gente boa, eles são mais abertos, muito parecidos com nós brasileiros. Não estou dizendo que os franceses, alemães e etc, não sejam legais por aqui, mas são mais contidos. Até na hora de fazer piadas tudo é menos "escrachado", as piadas são mais sutis. Mas tenho me divertido com as pessoas aqui, seja tomando um café, no bandejão (que terá uma postagem especial), ou nos bares perto da faculdade.

Falando em bares, muitas pessoas me perguntam. "Guilherme, como é a noite em Paris?". E eu respondo: "Bem, estou formando minha opinião..." . Até agora tenho saído para lugares mais tranquilos, geralmente um bar onde o pessoal toca música ao vivo, ou um pub onde passa rugby, ou uma partida de futebol, ou visito alguns amigos. Entretanto, uma coisa que percebi aqui é que o pessoal é animado quando sai, a programação sempre funciona em "combos". Mas, como assim? Não entendi... Calma, calma... Por combos quero dizer que se você for sair geralmente não vai ir somente para um lugar e depois voltar para casa. Geralmente o pessoal aqui sai para comer algo, depois beber um pouco, depois sai para dançar ou para um café (não necessariamente nessa ordem). Se for fazer uma programação desse tipo só tome cuidado pra não perder o último metrô!

Bem, vou ficar por aqui nessa postagem pois está ficando grande e já estou perdendo totalmente minha linha de raciocínio. Mas a mensagem que quero passar aqui é que, após um mês aqui, passei por dificuldades, por umas barras, mas ao contrário do meu segundo post, posso mostrar um lado mais otimista, e dizer que provavelmente passarei 4 anos sensacionais por aqui, e que essa experiencia tem me feito, a cada dia, um Guilherme menos pior melhor!
Da janela lateral do quarto de dormir, eu vejo... peraí, o anel rodoviário???


ps: infelizmente não vejo mais a torre, mas pelo imagino que essa árvore na primavera vai ficar do caralho muito bonita!



domingo, 9 de fevereiro de 2014

Pensamentos: Pessoas são pessoas... parte I

Pessoas...Ahhh as pessoas... Grande parte de nossas vidas são compostas de interação entre indivíduos com diferentes pontos de vistas, culturas, experiências, e convicções. Nesse post, vou dissertar justamente sobre quais são minhas impressões das pessoas aqui na França. Então, vamos lá, vou dividir minhas impressões em diferentes esferas e cada um merece um post; pessoas na rua, trabalho, e amigos. Hoje começarei falando um pouco sobre como foram minhas interações com pessoas aleatórias na rua.



Quando cheguei em Paris, realmente não tinha ideia do que esperar... Primeiramente, senti o choque cultural de estar escutando outra língua o tempo inteiro, de estar vendo pessoas com fisionomias diversas, e de não perceber comportamentos que vemos normalmente no Brasil. Vou explicar o último ponto com um exemplo. Imagine que você chega de viagem no Brasil e sua família vai lhe buscar... Sério, geralmente parece uma festa, aquele abraça abraça, todo mundo falando alto, aquele clima de celebração, entende? Aqui, percebi que SIM, as pessoas ficam felizes em verem as outras, expressam felicidade como nós brasileiros, porém de uma maneira mais contida, mais discreta. E essa discrição se estende  para outras situações. Por exemplo, não é muito fácil encontrar casais se pegando frenéticamente demonstrando afeto em locais públicos; da para perceber que as pessoas conversando na rua tem seu "espaço bem definido", e até quando um amigos se encontram é um momento mais contido, não que nem no Brasil que damos um abraço apertado, falamos merda brincamos, e etc... Claro, digo isso das pessoas que vejo na rua, em seu círculo social possivelmente, as coisas podem ser diferentes.

No geral, os franceses tem sido bem educados e solícitos, porém existe um detalhe. Interagi somente em francês com as pessoas na rua, portanto, realmente não posso dizer se a lenda que eles não gostam de falar em inglês é verdadeira ou falsa. (Foi mal...)  Mas uma coisa asseguro, até agora tenho sido muito bem tratado.

No geral, as pessoas tem um semblante mais sóbrio, até um pouco mais fechado, mas não é difícil ver esse semblante mudar ao perguntar uma informação, ao ser atendido por alguém em uma loja, ou alguma outra coisa do tipo. Se eles descobrem que você é brasileiro então o tratamento é muito legal, eles se interessam por nosso país. Uma vez, uma garota que entregava panfletos na universidade, após fazer o trabalho dela, achou diferente meu sotaque e perguntou de onde eu era. Após saber que eu era brasileiro me perguntou do samba, carnaval, copa do mundo e etc... Bem, geralmente é isso que lhe perguntarão, e isso independe de formação, crença, criação e tudo mais. Até meus companheiros de doutorado fazem as mesmas perguntas: "Você já foi na Amazônia?", "Você sabe sambar?", "Como é o carnaval? Vocês dançam nas ruas?", e coisas do tipo. A gente as vezes pode pensar. Poxa, como é possível o pessoal ter essa visão "enlatada" do Brasil? Eu tenho uma teoria.
 Pense comigo, na escola a gente estuda além da histórias do Brasil, Grécia, império Romano, revolução francesa,  ou seja, um pouco da história da Europa em geral, pois querendo ou não, ela tem grande influência na nossa cultura, na nossa maneira de pensar e tudo mais. Mas agora me digam, por qual motivo, razão, ou circunstância um francês estudaria a história do Brasil? Entendeu?
Então, pense nessas perguntas como uma oportunidade de interagir, de ensinar algo sobre nosso país para alguém que tem curiosidade, e claro, gastar um pouco seu francês (ou seu inglês)... 



Existe uma última coisa que me chamou atenção na rua e que tenho que compartilhar. É muito bonito ver o relacionamento de casais de velhinhos aqui em Paris. Vou explicar, um dia estava andando aleatoriamente pela cidade e vi um casal de idosos em uma praça, e sério, o carinho que eles demonstravam entre si era realmente muito legal. Dava para ver que passaram uma vida inteira juntos e ainda sim eram muito próximos e amigos. Mas alguém pode estar pensando, isso é geral? Bem, no metrô eu vejo a mesma imagem pelo menos uma vez por dia (A não ser que exista um mesmo casal que pega o metrô comigo e eu não tenha notado que eles só trocaram de roupa.). É realmente muito legal, vale a pena prestar atenção nisso.

Vou terminar esse post por aqui pois já está grande. Falei mais do aspecto relativo ao comportamento. Em breve, farei uma postagem falando do esteriótipo do francês, o que é verdade e o que não é. Daí discutirei um pouco como se vestem, aparência, e tudo mais. E um detalhe, aceito sugestões para futuras postagens!

Uma boa semana para todos! E até a próxima!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Vida prática: O transporte público de Paris e suas peculiaridades.

Olá mais uma vez. Hoje vou escrever um pouco sobre um tema que, particularmente, foi um dos que mais me chocou (positivamente) ao chegar aqui em Paris. O transporte público. Vou procurar dar umas dicas e fazer alguns comentários sobre o transporte em si, a lógica (ou falta dela) no metrô, sobre as estações e suas particularidades.

No geral (mas posso estar errado), são quatro os tipos de transporte públicos utilizados aqui na região parisiense: O metrô, o trem, o RER (que é como o "metrô" de Belo Horizonte), e o nosso famigerado amado ônibus.
As passagens custam normalmente um pouco menos de dois euros caso estejamos em Paris ou em uma região próxima. E como que podemos ter acesso ao transporte? Fácil, fácil, extremamente fácil pra eu e todo mundo cantar junto! Existem algumas opções. Existem os guichês de compra e existem terminais automáticos de compra, em ambos pode-se comprar bilhetes, cartelas de bilhetes e por ai vai. Existe também um cartão, chamado "carte Navigo", o qual nos permite aderir a um plano! Mas, espera, como assim plano? É como se pagássemos uma quantia para utilizar o transporte público de maneira ilimitada por um certo período de tempo (um mês, uma semana, um ano, e etc...). Para quem vai passar um tempo maior em Paris, seja de férias, ou a trabalho, vale a pena dar uma conferida no site www.navigo.fr, e ver como funciona, vale a pena!

Bem, chega de falar da parte prática! Vamos falar de coisas mais subjetivas. Meu primeiro ponto é: O transporte funciona muito bem, bem sinalizado, e muito lógico (bem, pelo menos para mim. Tenho amigos franceses que não concordaram muito.) Fiquei, e até hoje fico espantando na eficiência do transporte aqui. No meu caso, todos os dias pego um trem, e passo por duas linhas de metrô diferentes (no total Paris tem 14 linhas).



E nunca esperei mais que cinco minutos pelo metrô, fascinante isso (ô saudades do 2004)!! Algumas linhas do metrô se interligam, como da para perceber na figura acima. Para ir de uma estação à outra andamos no subsolo de Paris, e lá se encontra de tudo; publicidade, pessoas pedindo dinheiro, músicos, lojas, pequenas feirinhas, exposições temáticas, e muita, MUITA gente.
Se você acabou de chegar em Paris e quer ter uma noção da diversidade por aqui, passe por uma estação chamada Châtelet. Você verá pessoas com todas fisionomias imagináveis, vai escutar vários idiomas, e, assim como eu, constatará que a China quer dominar o mundo (ou já dominou).


 Outra coisa, acostume-se com o metrô, ele faz parte do cotidiano. Algumas vezes é meio entediante ficar 45 minutos no subsolo, então, uma dica. Use e abuse do mp3, de livros, de podcasts, dos jornais locais (tem muitos que são de graça), ou, como a maioria das pessoas fazem, de um smartphone. Porém, conselho de amigo, nunca fique muito destraído. Não é muito legal parar na estação errada e só perceber do lado de fora!

O horário de funcionamento do metrô depende do dia da semana, mas se estiver muito tarde não se preocupem, os ônibus estão ai para isso. Passam com menos frequência de madrugada, mas ainda são uma mão na roda.

Bem... Vou ficando por aqui mais uma vez, espero que tenham..... Peraí, peraí, peraí!! Esqueci um ponto que importante. Falei várias coisas boas e tudo mais sobre os transportes, mas aqui incidentes acontecem também. De vez em quando, acaba a energia no metrô (bem raro, só aconteceu comigo umas duas vezes), ou acontece uma paralização por N motivos ( greve, alguém caiu na linha, alguém PULOU na linha, entre outros). Uma vez, peguei uma paralisação dos trem pois um condutor foi agredido, e por solidariedade todos outros condutores pararam de trabalhar por 24 horas. Tive que pegar um ônibus, três linhas de metrô, mas cheguei onde precisava.

Agora, para concluir de verdade. O transporte aqui é muito bom comparado com o transporte público de Belo Horizonte (não posso dizer muito sobre o caso de outros lugares), funciona, é razoavelmente barato (ehhh.. ehhh.. mais ou menos, mais ou menos...), é geralmente não me deixa na mão.

Até o próximo post!


ps: Para quem estuda o francês ou sabe um pouco, sugiro os podcast da franceculture.fr. São de graça e bem legais para se passar o tempo no metrô. Para quem não fala o francês, sugiro o nerdcast do site jovemnerd.com.br. Rizadas garantidas.







segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Pensamentos: Rapadura é doce, mas não é mole não!!

Senhores do conselho, tudo na paz?

Para essa primeira postagem de conteúdo vou abordar um ponto delicado, e meio broxante para algumas pessoas, mas acho que devo compartilhá-lo.

Antes de sair do Brasil muitos amigos diziam coisas como:


 "Poxa Cabelo (sim sim, esse é meu apelido...), você vai para fora, tudo vai ser novo, você vai ficar maravilhado com tudo!"
 "Para as pessoas que estão ficando aqui no Brasil é mais difícil, você vai estar na Europa, vai viajar e se divertir."

Essas foram algumas das coisas que escutei antes de viajar, e bem... Sinceramente, elas em certo ponto são verdade, mas, vou lhes dizer algo, queridos leitores (A tá! No máximo minha mãe vai ler isso aqui no início...), nem tudo na vida são flores. (Principalmente quando você chega no inverno e percebe que nem folhas as árvores tem nessa época!)

Realmente, tudo é muito novo e diferente. Nos primeiros dias a beleza da cidade, o número imenso de pessoas de diferentes etnias, o preço da cerveja, e os monumentos históricos me fizeram sentir como uma criança na Disney. Sinceramente, uma emoção que não consigo descrever em palavras.

Porém, veio o choque de realidade. A arquitetura que eu achava lindíssima nos primeiros dias começou a fazer parte da minha rotina. Até a catedral de Notre Dame, que é um lugar lindíssimo, após virar parte do meu caminho para resolver burocracias (que merecem um post especial no futuro) perdeu um pouco a graça. Concluindo esse ponto, realmente, tudo é novo, tudo é lindo, mas não estou de férias aqui, e até essas maravilhas perdem um pouco seu encanto com a rotina.



Um outro aspecto interessante a se abordar é a relação entre pessoas. Eu dei muita, mas muita sorte mesmo. Quando cheguei aqui uma amiga (na verdade uma mãe para mim) que é de Paris, mas mora no Brasil, estava por aqui. Ela me recebeu no aeroporto, me levou para casa de um casal (que hoje são meus amigos) que iria me abrigar até eu arrumar um lugar para morar, e me introduziu a um círculo de pessoas aqui na França. Sem ela, minha situação seria muito diferente, pois são essas pessoas que ela me apresentou que me dão forças aqui agora, e seguram minha barra quando começo a sentir falta dos que ficaram. Vou dizer, de todo meu coração. Mesmo com essa ajuda inicial, às vezes é triste perceber que você está no metrô lotado, com milhares de pessoas indo e vindo, passando perto de você e você só consegue pensar: "Nossa, que solidão". Pois é, para quem fica é difícil, mas para quem vai também não é fácil.

Senhores(as), esse foi um relato que parece um pouco pessimista, mas só ilustra um ponto que acho que é importante ressaltar. Dias melhores com certeza virão, para mim e para todos que pretendem ter uma experiência longe de casa. No início tudo é difícil mesmo, mas melhora, pode acreditar (eu espero!).

Esse post é especialmente dedicado aos meus amigos Elisabeth, Miora, Yoann, Camille, Gabriel, Lili, e Zé Ferraz. Valeu pela força nesse novo começo!

Ps: Os próximos post são mais otimistas. Aguarde e confie! #Didi


 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Um novo começo

Bem, essa é a primeira postagem do blog (des/a)venturas de um novo começo.
Primeiramente, acho importante explicar qual são os objetivos dessa simples página, para tal, vou contar uma pequena história.

Era uma vez... Não, não, espere, não desse tipo. Meu nome é Guilherme, brasileiro de Belo Horizonte, e estudante de doutorado em física. Quando estava na graduação, sonhava em conhecer a Europa, viver na Alemanha (e juro que não era só por causa da cerveja), fazer um doutorado lá, e por ai vai... Após algum tempo estudando a língua alemã meus planos mudaram (involuntariamente). No mestrado, comecei a estudar um assunto diferente, mudei de orientador,mudei enquanto pessoa, com isso meus planos ficaram em aberto por um tempo, porém, a única coisa que tinha certeza é que queria descobrir como é a vida fora do Brasil. Hoje, após quase dois anos do início do meu mestrado me encontro começando um doutorado na França... Pois é, dois anos estudando alemão para acabar vivendo em Paris. Mas como diriam por aqui "c'est la vie!!"

Agora, após essa pequena introdução irei falar dos objetivos do blog. Essa página é uma maneira de relatar minhas aventuras e desventuras, meus pontos de vista, e compartilhar sentimentos, pensamento, coisas aleatórias, histórias e estórias relacionadas ao meu novo começo no velho continente.

Espero que gostem do conteúdo, e desejo um ótimo novo começo para todos nós!